Octávio Araújo
Um mundo de lógicas internas
Com sabedoria, tranqüilidade e grande senso de
observação, Octávio Araújo soube transformar seu amplo conhecimento de
história da arte em obras marcantes, gerando quadros que atingem o
coração do espectador pela riqueza e perfeição, assim como pelas
numerosas alusões à mitologia grega, entre outras culturas.
Nascido em 22 de março
de 1926, em
Terra
Roxa, SP, para
onde a sua
família,
originária
da Bahia migrara, ele fez seus primeiros desenhos nas paredes
da casa,
como
é comum
com
as crianças do
interior, e depois
ganhou de um
primo uma pequena
caixa de giz
de cor.
Em São Paulo,
estudou pintura
com
mestres como
o italiano José Barchitta. Aos 20 anos,
ao lado de
artistas
como Marcelo Grassmann e Luís Sacilotto,
realizou a primeira
exposição
de desenhos no
Instituto
dos Arquitetos do
Rio
de Janeiro.
Em
1947, tomou parte,
com
artistas como
Aldemir Martins e Maria Leonita, da célebre
mostra “19
pintores”,
em São
Paulo.
Entre 1952 e 1957, Araújo conseguiu emprego como
auxiliar de Portinari no Rio de Janeiro. A participação, ainda em 1957,
do Salão para Todos, naquela cidade, foi uma guinada em sua vida pessoal
e em sua carreira. Ao ganhar o primeiro prêmio de gravura, teve a chance
de ir com a exposição para a China.
A mostra gerou a oportunidade
de levar os quadros
para Moscou, na então
URSS, onde a
recepção
foi feita pela
intérprete de russo
para
o espanhol Klara Gourianova. A paixão entre a letrada russa e o pintor
brasileiro foi à primeira
vista. No início
de 1961, ele mudou-se
para
Moscou, onde se casou. Ali tiveram dois filhos, mudando-se para São Paulo, em
1968.
A produção artística de
Octávio instaura a sua poética em
diversas técnicas:
desenho
a lápis de
grafite,
litografia,
gravura
e óleo
sobre
tela. Ele
instaura uma atmosfera sobrenatural. O que
vemos é irreal,
mas
perfeitamente
possível
dentro da
habilidade
com que
foi construído. O
artista
nos propõe então
o seu próprio
mundo, harmonioso
e possuidor de relações lógicas internas.
Octávio Araújo, com
sua
fala agradável
e sorriso
aberto,
precisa ser
recuperado pela
crítica
de arte e ter seu lugar
garantido na pintura nacional como aquele que se
apropriou da técnica pictórica, colocou-a a seu
serviço e, mesclando capacidade com sensibilidade, produziu
autênticos
carnavais imagéticos. Não se trata somente de um pintor, mas de um artista que vive sua existência como
obra de arte.
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